Isso é um jogo sem regras. É um jogo macabro. É um jogo difícil. Mas eu continuo a jogar, sem medo. Sei que não posso ganhar, mas vou morrer tentando. Isso é importante para mim. A morte não é nada. Tem que ser astuto, tem que ser inteligente.  Só não sei se serei capaz de seguir.


Paz. Será que é tão difícil conseguir paz? As pessoas gritam no meu ouvido, exijam que eu lhes dê atenção, exijam que eu faça tudo o que elas querem. Mas eu não quero, eu não posso, eu tenho a minha vida, eu tenho as minhas coisas para fazer. Mas elas não vão entender tão fácil. E a minha paz continua a ser esvair e se mostrar tão longe de alcançar.



               A minha vida não é perfeita. Eu não sou perfeita. Não tenho irmãos perfeitos. Não tenho pais perfeitos.

              Há 12 anos atrás tudo parecia perfeito. Contos de fadas,castelos, princesas, príncipes, fadas madrinhas, anjos da guarda.

              Nada de irmãos.
              Pais separados.
              Injustiça de mim mesmo.
              Esperanças perdidas.
             
              Lembro-me que aos 7/8 anos eu via uma propaganda em que a mãe ensinada a filha a se maquiar e depois a limpar tudo. Lembro-me também que sonhava com o dia em que minha mãe me pegaria e me mostraria os mesmos ensinamentos.
             
             Esse dia nunca chegou.

             Agora ando com os olhos pretos, expressões irritadas e dores de cabeça.
             Cresci forçada.

             Hoje minha mãe reclama de minhas atitudes. Pede para que eu tire a maquiagem, relaxe as expressões, pare de reclamar.
             Mas meu único desejo é virar-me para ela e dizer, “Por que você nunca me ensinou a passar a maquiagem de maneira certa? Por que você nunca parou com suas coisas para ficar comigo? Por que você só enxerga os defeitos? Por que você não tenta pensar e parar de maltratar pelo fim do seu casamento?”.

              Mas eu não faço isso.
              Eu sei me controlar.
              Aprendi a ser educada.
              Sozinha.