Eu devia parar de ser uma rebelde sem causa, parar de fazer as coisas erradas que eu sei que eu não devia fazer, mas eu não sei evitar. Quando você se acostuma a usar uma mascara você acha seu próprio rosto estranho. As mentiras vêm tão fáceis para mim que se tornam tão simplesmente as verdades da minha vida.  É aquele jogo que você tem medo de perder sem salvar para não voltar lá para o inicio. Mas eu to vendo, daqui a pouco vai chegar uma fase em que se tornará só eu e mais ninguém, pois todo mundo já foi para frente e eu sempre presa nessa mascara. Não há solução, pelo menos eu não consigo vê-la nesse momento. A única coisa que eu penso é fugir, mostrar a todos o quão fraca eu sou verdadeiramente e tornar essa a ultima lembrança deles. Será que existe alguém capaz de me tirar desse ciclo vicioso?


Eu tiro meus óculos de leitura e é quando eles podem ver. Ao redor dos olhos, olheiras. Ainda claras, em formação, manchadas de rímel da noite passada. Mas é dentro dos olhos que eles podem ver.

A verdade tão clara, que cega. Pequenos olhos marrons, tão comuns, mergulhados em flashes rápidos demais para se acompanhar.

É tão ridículo perceber que eles não conseguem ler as mensagens ali tão claras. São pequenos alienados, afinal. Ou será eu a alienada?

Revejo minhas cenas, os flashes, e lá no fundo da minha mente uma voz tenta sobrepor o controle, dizendo o que eles não conseguem ler.

- Hey! Dói ser usada para ter alguns momentos de glória. Nesse jogo não há anestesia.