O homem. Homo Sapiens. Espécie dominante no Planeta Terra.

O homem se esconde atrás de uma porta azul fechada. Sua vergonha é eminente e toda sua casa é platéia disso. As quatro paredes – 4, 6, 8 ou quantas tiverem na casa de porta azul – assiste aquele show de embriaguês, mudas, como um grupo de fantasmas, como paredes.

O homem, sozinho e solitário homem, vê seu pequeno quarto rodando, sua cabeça dói, e qualquer barulho feito – imaginado ou não – é como um tambor ressonando a menos de 1 metro de distancia. Ele tenta dormir, mas se sente mal demais para relaxar, e ao sentar sente como se todo o seu corpo fosse desintegrar.

O homem. Homo Sapiens, entregado a sua própria mercê, consome o seu corpo pouco a pouco. É como uma situação de vida ou morte, onde nenhuma das opções é a salvação. E como num ciclo sem fim, tudo continua rodando, rodando, rodando... infinitamente.


Conheci uma garota uma vez numa cafeteria bebendo um grande copo de café, ela lia um dos livros de Mario Vargas Llosa e ouvia musicas em seu mp3 velho. O mundo corria ao seu redor, mas o mundo dela era só aquele que envolvia seu café, seu livro e suas musicas. Eventualmente ela parava para trocar a musica que passava, mas nada mais que isso. A observei a tarde toda em que esteve ali, bebendo cafés e ocasionalmente rindo com o livro, parecia algo vindo de outro mundo, contrastando tanto com a vida nesse século XXI. Após ir embora eu fui para minha casa. Cheguei, olhei no espelho, observando as olheiras embaixo de meus olhos e pensei: Por quê eu não consigo fugir da realidade e entrar em um mundo só meu como fez aquela moça na cafeteria? A resposta para essa pergunta eu nunca tive, mas eu ainda procuro a moça da cafeteria todo dia para perguntar-lhe a resposta.